Uma cidadã cubana compartilhou nas redes sociais sua experiência ao visitar uma loja em Holguín que aceita apenas pagamentos em dólares americanos em dinheiro ou por meio de cartões internacionais como MasterCard, Visa, MIR ou UnionPay.
"A dolarização invade Cuba", escreveu a usuária @kary_y_jony em um vídeo publicado no TikTok, onde descreveu seu percurso pelo estabelecimento, recentemente incorporado ao modelo de lojas que operam exclusivamente em divisas. Nas imagens, é possível ver o cartaz de entrada com os logotipos dos métodos de pagamento aceitos, deixando claro que não se pode pagar em pesos cubanos.
Em seu relato, a jovem comentou que os produtos eram os mesmos de épocas anteriores, quando eram vendidos em CUC ou em MLC, mas agora apenas em dólares. Ela apontou que encontrou pouca variedade, prateleiras com itens repetidos e preços elevados para a maioria dos cubanos. "As fraldas descartáveis custavam quase 10 dólares; o Café Serrano, mais de 7 dólares; os refrigerantes nacionais, que há tempos não eram vistos, estavam à venda", detalhou. Ela também mencionou que a área de eletrodomésticos contava com poucos itens disponíveis.
Seu testemunho se junta a uma onda de publicações cidadãs que refletem as condições nesses estabelecimentos. Entre elas, destacam-se as experiências documentadas em lojas similares como o centro comercial 5ta e 96 em Havana, a loja Novo Boulevard em Ciego de Ávila, ou Variedades Siboney em Villa Clara.
Em fevereiro, também foi inaugurado o supermercado de 3ra e 70 em Havana, descrito por alguns como “o Walmart cubano”, onde foram documentados preços tão altos quanto 146 dólares por um pedaço de presunto espanhol ou mais de 70 por um queijo. Esta mesma loja foi onde se viu recentemente à venda um saco de batatas nacionais a 8,85 dólares.
O fenômeno se insere no reconhecimento oficial de uma “dolarização parcial” da economia, confirmada pelo próprio governante Miguel Díaz-Canel em declarações recentes. O Ministério do Comércio Interior (MINCIN) anunciou a abertura de mais de 50 lojas desse tipo, em uma estratégia que busca captar divisas em meio a uma inflação desenfreada e ao colapso do sistema de distribuição em pesos.
Críticas semelhantes foram expressas após a abertura de uma loja de perfumaria em dólares no Bulevar de San Rafael ou a abertura de lojas em Holguín, que geraram reclamações devido a preços como vassouras a 5,65 USD ou produtos que retornam troco em balas.
Enquanto essas lojas continuam a proliferar e oferecer um melhor sortido, a maioria dos cubanos sobrevive com um salário em pesos cubanos, que atualmente equivale a menos de 20 dólares por mês, o que acentua as lacunas sociais e a frustração cotidiana.
Perguntas frequentes sobre a dolarização e desigualdade em Cuba
Como a dolarização afeta a economia cubana?
A dolarização parcial da economia cubana intensificou as desigualdades sociais, uma vez que a maioria dos cubanos recebe seu salário em pesos cubanos, uma moeda cada vez mais desvalorizada. Isso limita seu acesso a produtos básicos que só podem ser adquiridos em dólares, exacerbando a crise econômica e social na ilha.
Quais são as críticas em relação às lojas em dólares em Cuba?
As críticas às lojas que operam exclusivamente em dólares concentram-se no fato de que excluem a maioria da população, que não tem acesso a essa moeda. Os preços elevados e a falta de opções de pagamento em moeda nacional aumentam as disparidades econômicas e sociais, gerando frustração e descontentamento entre os cubanos.
Qual é o impacto da abertura de lojas em dólares no mercado informal de divisas em Cuba?
A abertura de lojas em dólares aumentou a demanda por essa moeda no mercado informal, o que levou a um aumento nas taxas de câmbio do dólar e do euro. Essa situação dificulta ainda mais o acesso a divisas para o cubano médio, erosionando o poder de compra das remessas e agravando a crise econômica.
Quais produtos são vendidos nas lojas dolarizadas de Cuba?
As lojas dolarizadas em Cuba oferecem uma variedade de produtos nacionais e importados, incluindo alimentos, bebidas, artigos de higiene pessoal e eletrodomésticos. No entanto, os preços são elevados e inatingíveis para a maioria dos cubanos, o que limita o acesso a esses produtos àqueles que têm acesso a divisas.
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