“Me arrependo de ter pedido a saída voluntária. Pensei que pedindo a saída voluntária poderia fechar meus casos e ir embora tranquilamente, sem todo esse desgosto”, afirmou Sáymar, uma jovem migrante venezuelana que compartilhou nas redes sociais seu testemunho após pedir a saída voluntária dos Estados Unidos e acabar com um grampo eletrônico no tornozelo.
“Nunca imaginei que pedir a saída voluntária me levaria a terminar com uma tornozeleira”, disse no vídeo que publicou em sua conta no TikTok @saymarguerrero, onde explicou que foi retirar seu passaporte em um escritório de imigração e agora enfrenta várias dificuldades para deixar o país.
"Eu pedi a saída voluntária para poder sair com meu passaporte e não viajar com salvoconducto. Agora preciso tirar um salvoconducto para poder viajar porque o passaporte se perdeu com a imigração", denunciou. Segundo relatou, um juiz lhe concedeu 120 dias para deixar o país, período durante o qual deverá usar a tornozeleira.
“Estou há 120 dias com a ordem do juiz para deixar o país por minha saída voluntária. Agora eu tenho que passar esse tempo com essa tornozeleira”, relatou. “Sinto que é humilhante usar a tornozeleira porque as pessoas me olham como se eu fosse um bicho raro, pareço estar sob prisão domiciliar, e as pessoas me observam como se eu tivesse roubado algo ou cometido algum crime”, acrescentou. “Agora eu tenho que usar calças largas para não mostrar muito a tornozeleira, pois me envergonha ser olhado de forma estranha.”
Este novo vídeo surge dias após sua primeira denúncia pública, quando relatou que foi buscar seu passaporte e saiu com uma tornozeleira colocada pelas autoridades, mesmo tendo um bebê nascido nos Estados Unidos. Naquele momento, afirmou: “Hoje vim à imigração para buscar meu passaporte e saí com a tornozeleira colocada, e o pior é que me obrigaram a colocá-la”.
Contexto migratório
O testemunho de Sáymar ocorre enquanto o governo dos Estados Unidos promove o uso do aplicativo CBP Home, projetado para que imigrantes irregulares notifiquem sua intenção de deixar o país de forma voluntária. Segundo números revelados recentemente, cerca de 2.500 pessoas se registraram nesta plataforma desde seu lançamento.
A medida, impulsionada pela administração de Donald Trump, foi apresentada como uma alternativa à deportação forçada. De acordo com declarações da secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, a aplicação permite que os imigrantes se "autodeportem" para conservar a possibilidade de retornar legalmente no futuro. No entanto, organizações de defesa dos direitos migratórios alertaram sobre as implicações legais e práticas que enfrentam aqueles que optam por esse caminho.
Reações nas redes
Os vídeos de Sáymar geraram um intenso debate nas redes sociais. Algumas pessoas questionaram sua decisão de solicitar a saída voluntária, apontando que bastava comprar uma passagem e ir embora. “Só precisava comprar a sua passagem e sair normalmente”, comentou uma usuária. Outra perguntou: “E por que não processa a migração por ter perdido seu passaporte?”
Também surgiram críticas por sua mudança de postura em relação ao asilo. “Você não é a que havia pedido asilo e agora está renunciando?”, perguntaram-lhe. Ao que Sáymar respondeu: “Por que se pede a saída, sabe o porquê não, então não opine.”
Vários testemunhos compartilharam situações semelhantes. “Oito meses passei com a tornozeleira e não é só isso, mas estive grávida durante quatro meses assim”, escreveu uma mulher. Outra comentou: “Eu a tenho há um ano e estou grávida”.
Outros apontaram contradições: “E não era que eu tinha ido buscar o passaporte, agora que por pedir a saída voluntária”, ao que Sáymar respondeu: “Meu amor, você está entendendo errado. A saída voluntária eu já tenho. Antes de ir buscar o passaporte, fui buscar o passaporte porque o juiz que me deu uma saída voluntária me ordenou”.
Também respondeu àqueles que insinuaram que seu objetivo era evitar gastos: “Meu Deus, as pessoas realmente gostam de falar besteira sem saber. Eu tenho meus ingressos comprados. Se você não sabe o contexto, não opine”.
Em um vídeo posterior, a jovem aparece organizando seus pertences. Sobre as imagens, lê-se: “Organizando porque é hora de voltar”, seguido de uma mensagem na qual afirma: “Obrigado, Estados Unidos, pela oportunidade, mas já não somos bem-vindos. Minhas razões para voltar são maiores do que as de ficar.”
Perguntas frequentes sobre a saída voluntária e o uso de grilhetas eletrônicas nos EUA.
Por que Sáymar terminou com uma tornozeleira eletrônica após pedir a saída voluntária dos EUA?
Sáymar terminou com um grilhão eletrônico porque as autoridades de imigração impuseram o dispositivo ao não encontrarem seu passaporte, apesar de ela ter solicitado uma saída voluntária para deixar o país de forma legal. Essa medida faz parte do procedimento de monitoramento enquanto se resolvem os trâmites migratórios pendentes.
O que implica solicitar uma saída voluntária nos Estados Unidos?
Solicitar uma saída voluntária permite aos imigrantes irregulares deixar os Estados Unidos por conta própria, sem enfrentar uma deportação forçada. No entanto, como no caso de Sáymar, podem ser impostas certas condições, como o uso de um grilhão eletrônico, para garantir que o prazo concedido pelo juiz para deixar o país seja cumprido.
Quais são as implicações do uso de um grampo eletrônico para os imigrantes nos EUA?
O uso de uma tornozeleira eletrônica implica uma vigilância constante por parte das autoridades migratórias, o que pode ser humilhante e estigmatizante para os afetados. Além disso, essa medida pode limitar a mobilidade e afetar a vida cotidiana das pessoas ao gerar percepções negativas em seu entorno social.
Como as redes sociais reagiram ao caso de Sáymar?
As redes sociais reagiram com um intenso debate sobre a situação de Sáymar. Algumas pessoas questionaram sua decisão de solicitar a saída voluntária, enquanto outras compartilharam experiências semelhantes e criticaram o tratamento das autoridades migratórias. O caso gerou empatia e críticas, refletindo a complexidade dos processos migratórios nos EUA.
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