O criador de conteúdo cubano Leandro René Hernández Ibarra, residente no Peru, publicou recentemente um vídeo em sua conta de Instagram que gerou risadas e reflexões.
Con tom irônico e questionador, Hernández expõe uma situação frequente que os cubanos no exterior enfrentam e é a forma como sua nacionalidade, longe de ser um mero dado biográfico, se torna uma etiqueta carregada de estereótipos “simpáticos”, mas condescendentes.
"Eu quero que alguém me explique e me comente. Como é isso de que cada vez que a gente diz que é cubano, seja em um live, em uma publicação ou na vida normal, comentam... Ah, você é cubano? Minha tia teve um cubano! Ah sim, eu quero uma cubana! Eu tive um cubano! São dos mais agradáveis, dos mais engraçados...", diz Leandro em seu vídeo.
Embora as frases costumem estar carregadas de simpatia e admirável aparência, Hernández toca na ferida. Essas expressões, repetidas até à exaustão, transformam os cubanos em uma espécie de símbolo folclórico, “agradáveis por default”, “engraçados por natureza”, “bons amantes”, “boa companhia”.
“E eu, cavalheiro? Respeitam?”, pergunta com ironia no mesmo vídeo. "Nós não somos um produto de importação, não, não. Nós somos pessoas sérias, trabalhadoras. Não somos nem um Yorkshire Terrier nem um Golden Retriever", apontou em referência a certas raças de cães.
Com essa afirmação, o criador resume a frustração de muitas pessoas cubanas que, além da risada, desejam ser reconhecidas por sua humanidade, seu trabalho, suas ideias, e não apenas por clichês associados à "cubania" simpática e sedutora.
A armadilha do estereótipo amigável
Este tipo de percepção, embora não seja abertamente ofensiva, alinha-se com o que alguns estudiosos chamaram de exotização benévola, definida quando uma identidade cultural é romantizada, transformada em espetáculo ou em desejo, sem espaço para a complexidade ou a individualidade.
Não se trata de negar que Cuba, e os cubanos, tenham uma riqueza cultural, um humor peculiar ou uma forma carismática de viver. Trata-se de entender que nem todos são iguais, nem devem se encaixar nesse molde “exportável”.
Enquanto isso, o vídeo de Leandro não apenas convida à risada, mas também à reflexão. Em tempos em que as redes sociais amplificam tanto os afetos quanto os preconceitos, lembre-se de que por trás de cada identidade há uma pessoa concreta.
Ser cubano não é uma piada, nem uma anedota que embeleza a história de outros. É uma experiência complexa, marcada por migrações, lutas, trabalho, cultura e dignidade. E merece ser tratado com o mesmo respeito que se daria a qualquer outra nacionalidade.
Perguntas frequentes sobre os estereótipos e a identidade cultural dos cubanos no exterior
Por que os cubanos no exterior são percebidos com estereótipos?
Os cubanos no exterior são frequentemente percebidos através de estereótipos devido a uma exotização benevolente de sua identidade cultural, que os romantiza e os reduz a clichês simpáticos e condescendentes. Essas percepções ignoram a complexidade e a diversidade das experiências dos cubanos, que desejam ser valorizados por seu trabalho, ideias e humanidade, além dos estereótipos de serem "simpáticos" ou "engraçados por natureza".
Como os estereótipos afetam a identidade dos cubanos no exterior?
Os estereótipos afetam a identidade dos cubanos no exterior ao reduzi-los a etiquetas simplistas que não refletem sua verdadeira personalidade ou talentos. Isso pode levar a uma sensação de frustração e desumanização, uma vez que são vistos mais como símbolos folclóricos do que como indivíduos com histórias e capacidades únicas. Reconhecer a diversidade e complexidade de cada cubano é essencial para superar esses estigmas.
O que é a exotização benevolente e como afeta os cubanos?
A exotização benevolente é a romantização de uma identidade cultural, transformando-a em espetáculo ou desejo sem considerar sua individualidade. Para os cubanos, isso significa ser vistos como "agradáveis por default" ou "engraçados por natureza", o que invisibiliza suas verdadeiras qualidades e conquistas pessoais, perpetuando um tratamento condescendente.
Qual é a importância de reconhecer a diversidade entre os cubanos no exterior?
Reconhecer a diversidade entre os cubanos no exterior é fundamental para valorizar sua humanidade e experiências individuais, afastando-se de estereótipos simplistas. Cada cubano tem uma história única, marcada por migrações, lutas e cultura, que merece ser reconhecida e respeitada em vez de ser subsumida sob clichês generalizados.
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