Advogada explica as razões por trás da deportação da mãe cubana Heydi Sánchez Tejeda

A advogada de imigração Rosalí Chaviano detalhou o verdadeiro alcance do formulário I-220B e alertou sobre os riscos de deportação para migrantes cubanos em processos de supervisão.


A advogada de imigração Rosalí Chaviano explicou as razões legais que levaram à deportação da mãe cubana Heydi Sánchez Tejeda, que estava sob supervisão migratória com um formulário I-220B nos Estados Unidos.

Sánchez Tejeda foi deportada na quinta-feira passada, após ser detida durante uma consulta de rotina nos escritórios de imigração em Tampa, Florida.

A cubana, mãe de uma bebê lactante, foi repatriada a Havana em um voo com outros 81 migrantes, enquanto sua filha ficou nos Estados Unidos sob os cuidados de seu esposo, Carlos Yuniel Valle, cidadão americano.

A situação provocou indignação na comunidade migrante, devido à separação forçada de mãe e filha, interrompendo de maneira traumática o vínculo de amamentação.

De acordo com Chaviano em declarações a América TeVé, o formulário I-220B não garante proteção contra a deportação, uma vez que trata-se apenas de uma ordem de supervisão concedida a pessoas que já possuem uma ordem de deportação, emitida por um juiz de imigração ou por meio de um processo de saída expedita.

"O formulário I-220B significa que é uma ordem de supervisão quando a pessoa tem uma ordem de deportação", explicou Chaviano. "Esta ordem pode ser de um juiz ou expedita. Quando não se pode deportar a pessoa imediatamente, é concedida esta supervisão condicional".

A advogada enfatizou que os portadores de um I-220B devem comparecer periodicamente ao Serviço de Controle de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), em atendimentos que permitem avaliar se as condições mudaram para possibilitar sua deportação.

No caso de Heydi Sánchez, apesar de que cumpria rigorosamente com seus compromissos e havia iniciado há mais de dois anos um processo de regularização por meio de petição familiar, seu processo não havia sido concluído e o risco de deportação persistia.

"Se vão tomar qualquer ação, deve ser meses antes das consultas. Levar um advogado no mesmo dia não muda absolutamente nada", advertiu Chaviano.

Chaviano também alertou que as prioridades atuais de deportação incluem explicitamente pessoas com ordens vigentes, o que as expondo não apenas durante citações no ICE, mas também em processos do USCIS como biometria ou entrevistas de residência.

Sob as políticas mais restritivas implementadas recentemente, até mesmo migrantes com trâmites legais em andamento, como Heydi Sánchez, são alvo de detenções e deportações rápidas.

A advogada explicou que as autoridades cubanas demonstraram preferência por aceitar migrantes jovens, profissionais e sem antecedentes criminais.

“Desafortunadamente, o que temos visto em relação a Cuba é realmente um padrão em que aceitam, na verdade, pessoas mais jovens, que podem trabalhar, profissionais, são aqueles que mais lhes interessam. Não tanto aquelas pessoas que têm um histórico criminal, que estão aqui há muitos anos. Mais bem aquelas pessoas boas, pessoas que podem retornar à ilha para trabalhar e servir ao país”, indicou.

A deportação de Heydi Sánchez Tejeda se junta a outros casos recentes de cubanos removidos após comparecer a consultas de rotina, mesmo enquanto estavam a tratar da sua residência legal. O caso gerou uma onda de críticas às autoridades migratórias, questionando a falta de sensibilidade em situações onde estão envolvidos menores e vínculos familiares consolidados.

De acordo com dados oficiais, mais de 450 cubanos foram deportados até agora em 2025 em voos diretos para Cuba a partir de diferentes países.

O esposo de Sánchez Tejeda, Carlos Yuniel Valle, disse se sentir frustrado em um vídeo compartilhado pelo jornalista Mario Pentón. “De nada serviu tudo o que fizemos. De nada serviu, no final, o ICE e Trump saíram com a deles”, lamentou.

“Separaram uma menina de sua mãe. Mataram em vida uma mãe, um pai, e o futuro de uma menina”, acrescentou visivelmente aflito.

Heydi, que chegou aos Estados Unidos há cinco anos, aguardava uma resposta ao seu processo de reclamação, apresentado há mais de dois anos.

A cubana não tinha antecedentes criminais e havia cumprido com todos os requisitos legais: trabalhava, pagava impostos e se mantinha dentro da legalidade.

Em declarações posteriores à CiberCuba, Valle precisou que a reunião originalmente estava marcada para o dia 30 de abril, mas foi avançada inesperadamente para terça-feira, dia 22.

Ambos compareceram acompanhados de sua filha e de uma advogada, sem suspeitar da traumática experiência que iriam viver.

Minutos depois de chegar, Valle recebeu uma ligação angustiante de sua esposa. “Ela me disse chorando que eu deveria ir buscar a menina porque ela tinha que ficar.”

Assim relatou que os agentes entregaram a pequena, que apenas gritava e chorava. A ele não foi permitido nem se despedir da sua esposa.

Perguntas frequentes sobre a deportação de Heydi Sánchez Tejeda

Qual foi a razão legal para a deportação de Heydi Sánchez Tejeda?

Heydi Sánchez Tejeda foi deportada porque portava um formulário I-220B, que é uma ordem de supervisão para pessoas com uma ordem de deportação ativa ou pendente. Apesar de estar em um processo de regularização migratória, as políticas mais restritivas atuais priorizam a deportação de quem tem ordens vigentes.

O que é o formulário I-220B e o que implica para os migrantes cubanos?

O formulário I-220B é conhecido como uma "Ordem de Supervisão" e é concedido a pessoas que já possuem uma ordem de deportação emitida. Não oferece proteção contra a deportação e exige que os portadores se apresentem periodicamente ao ICE para avaliar se as condições mudaram para executar a deportação.

Como a deportação de Heydi Sánchez afetou sua família?

A deportação de Heydi Sánchez Tejeda deixou sua filha lactante sob os cuidados do marido nos Estados Unidos. A separação forçada tem sido traumática para a família, especialmente para a bebê, que depende da amamentação. O marido de Heydi expressou sua frustração e dor pela decisão das autoridades migratórias.

Qual tem sido a reação da comunidade cubana diante da deportação de Heydi Sánchez?

A deportação de Heydi Sánchez gerou uma onda de indignação na comunidade cubana nos Estados Unidos. muitos criticam a falta de sensibilidade das autoridades migratórias ao separar uma mãe de sua filha de amamentação e questionam as políticas atuais que afetam famílias em situações vulneráveis.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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