Assim vive este cubano após o desabamento de sua casa em Havana: "Com o medo todos os dias, mas não tenho outra opção"

"Há mais de quatro anos desabou e ainda observa como estamos."


"Isto desabou há quatro anos e ainda moramos aqui", diz um jovem, cuja história foi compartilhada pelo criador Elcreadorcubano em um vídeo que gerou fortes reações nas redes sociais.

Um jovem cubano, cuja habitação colapsou parcialmente há mais de quatro anos em Havana, continua residindo entre os escombros ao lado de sua mãe, devido à falta de alternativas habitacionais. Seu testemunho, registrado em dois vídeos publicados pelo criador de conteúdo @creadorcubano no TikTok, gerou comentários sobre a grave crise da habitação em Cuba.

“Claro que vivo aqui… isso desabou em 69 e ainda olha como estamos. Não tenho outra opção”, explica o jovem enquanto guia o criador pelo lugar onde reside.

No primeiro vídeo, publicado há cinco dias com o título "A Cuba que os turistas não conhecem, Parte 1", observa-se o estado ruinoso da edificação, com paredes desmoronadas, fios expostos e condições claramente inabitáveis. O jovem ressalta que, desde o desabamento, mal conseguiram avançar nas reparações. “Minha mãe sem banheiro, estamos fabricando, pouco a pouco para avançar”, comenta.

A segunda parte, publicada dois dias depois, expõe com mais crueza sua situação: “Eu perdi minha casa, perdi tudo… e sim, tenho medo de que desmorone sobre mim enquanto durmo, mas não tenho para onde ir”. O jovem reconhece que vive a cada dia com o temor de que a estrutura colapse completamente, colocando em risco sua vida e a de seus entes queridos. Apesar disso, insiste: “Pela minha família, o que for”.

La Habana Vieja, entre o colapso e o esquecimento

Os comentários nas redes sociais situam a cena na zona de Aguiar e Cuarteles, no município de La Habana Vieja. “Essa é minha quadra”, “Ali morava o Yendri”, comentam vários usuários que reconheceram o lugar. Outros lamentaram o abandono institucional: “Não vão ajudá-lo?”, questionou um internauta, enquanto outro indagou: “Foi ajudado ou apenas gerou conteúdo?”

O criador, por sua vez, respondeu com mensagens de apoio como "Bênçãos" e emojis de coração, sem oferecer detalhes sobre se houve assistência além do testemunho publicado nas redes.

Este não é o primeiro vídeo do criador que denuncia as condições de vida na ilha. Em fevereiro passado, publicou um reencontro com um excolega de estudos que vivia em situação de rua, visivelmente afetado. “Isso me quebrou a alma, eu não estava preparado para tanto”, disse na época, após lhe entregar ajuda financeira. O vídeo se tornou viral, embora também tenha recebido críticas por gravar o momento.

Crise estrutural: Sem teto, sem soluções

A história deste jovem é um reflexo a mais de a profunda crise habitacional em Cuba. Em março passado, uma mãe cubana foi desalojada junto com seus quatro filhos de um local vazio no município Diez de Octubre, onde se havia refugiado por desespero. A mulher denunciou ter sido ignorada pelas autoridades e reclamou da falta de alternativas: “Minha filha estava em terapia intensiva e me deixaram sem casa”.

No mesmo município, foram relatados vários desabamentos recentes. Um deles ocorreu durante uma queda de energia geral, deixando pessoas presas em meio à escuridão, como foi documentado em o colapso de um edifício na Calzada de 10 de Outubro. Em fevereiro, outra edificação desabou em Santos Suárez, apesar de ter sido declarada inabitável anos atrás. Muitas famílias retornaram ao local porque os abrigos oferecidos estavam em condições piores.

Segundo cifras oficiais, 35% das habitações do país estão em mau estado, mas relatórios independentes elevam essa porcentagem. O Plano de Habitação do governo cumpriu apenas 39% da sua meta em 2024, devido à escassez de cimento, materiais básicos e uma infraestrutura industrial colapsada.

Um chamado das ruínas

As imagens divulgadas por Elcreadorcubano se tornaram uma nova janela para a dura realidade que muitos cubanos enfrentam sem acesso a uma habitação digna. Testemunhos como o do jovem de Havana Velha mostram não apenas as ruínas físicas, mas também as emocionais: viver com medo constante e sem respostas.

Enquanto o regime insiste em reativar fábricas de cimento ou "buscar soluções próprias", conforme declarou o primeiro-ministro Manuel Marrero, milhares de famílias continuam dormindo entre paredes rachadas, com a esperança de não serem as próximas vítimas de um desabamento anunciado.

Perguntas Frequentes sobre a Crise Habitacional em Cuba

Qual é a situação da habitação em Cuba segundo o testemunho do jovem cubano em Havana?

A situação da habitação em Cuba é crítica, como demonstra o caso de um jovem que vive entre escombros após o colapso parcial de sua casa há mais de quatro anos. Ele e sua mãe continuam habitando a estrutura em ruínas devido à falta de alternativas habitacionais. Este caso é apenas um reflexo da crise habitacional que afeta todo o país.

Como a comunidade das redes sociais reagiu à situação do jovem em Havana?

A comunidade das redes sociais reagiu com críticas contundentes às autoridades cubanas pelo abandono de situações como a do jovem em Havana. Os internautas têm questionado a falta de assistência e o enfoque do criador de conteúdo em documentar em vez de ajudar diretamente. Isso gerou um debate sobre a visibilidade da crise nas redes sociais.

Qual porcentagem das moradias em Cuba está em mau estado, segundo relatórios independentes?

Segundo relatos independentes, uma porcentagem significativa das habitações em Cuba está em mau estado. 35% das habitações do país estão em mau estado, embora algumas fontes sugiram que essa porcentagem poderia ser ainda maior, refletindo a gravidade da crise habitacional na ilha.

Quais medidas o governo cubano tomou frente à crise habitacional?

O governo cubano tentou abordar a crise habitacional por meio do Plano de Habitação, mas cumpriu apenas 39% de sua meta em 2024. A escassez de cimento, materiais básicos e a infraestrutura industrial colapsada foram citadas como razões para esse baixo cumprimento, deixando muitas famílias sem soluções eficazes.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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