O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira um acordo comercial com o Reino Unido que, segundo ele, marcará um marco nas relações econômicas bilaterais e beneficiará especialmente os agricultores e produtores industriais de seu país.
"Esta manhã, tenho o prazer de anunciar que alcançamos um acordo comercial com o Reino Unido. Um país incrível. Hoje é um dia de vitória para a Segunda Guerra Mundial. Nós vencemos juntos há exatamente 80 anos, portanto, não poderia haver uma data melhor para alcançar este acordo histórico", expressou Trump em uma coletiva de imprensa do Salão Oval da Casa Branca.
O mandatário estava acompanhado pelo seu vice-presidente, JD Vance, e pelo embaixador britânico em Washington, Peter Mandelson.
Segundo informou a agência EFE, o acordo prevê que Londres eliminará numerosas barreiras não tarifárias que até agora limitavam o acesso ao mercado britânico de produtos agrícolas, químicos e maquinário dos Estados Unidos.
Trump assegurou que essas restrições "discriminavam injustamente" os produtos de seu país.
"Este pacto inclui bilhões de dólares em aumento no acesso ao mercado para as exportações norte-americanas, especialmente na agricultura, aumentando drasticamente o acesso para a carne bovina americana, o etanol e praticamente todos os produtos produzidos pelos nossos grandes agricultores", declarou.
Também destacou que o Reino Unido começará a importar produtos industriais americanos que antes estavam proibidos, incluindo químicos e maquinário, o que permitirá aos britânicos "obter produtos a preços acessíveis".
De acordo com a secretária de Agricultura, Brooke Rollins, as tarifas sobre o etanol americano passarão de 19% para zero, algo que ela classificou como "uma ótima notícia para nossos agricultores".
Trump agradeceu ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer e à sua equipe, a quem qualificou de “muito talentosos”, por terem chegado a este “acordo de reciprocidade e justiça”, princípio que, segundo ele, sua administração busca aplicar a todos os tratados comerciais futuros.
Este seria o primeiro de uma série de acordos que a administração Trump tem negociado nas últimas semanas como parte de sua renovada agenda comercial internacional.
Apesar dos avanços alcançados, o presidente Trump confirmou que os Estados Unidos manterão a tarifa de 10% sobre produtos britânicos, imposta em abril passado, reportou EFE.
Ainda assim, qualificou o pacto como “muito conclusivo” e assegurou que “os detalhes finais serão definidos nas próximas semanas”.
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, detalhou que a tarifa de 10% continuará em vigor e gerará cerca de 6 bilhões de dólares em receitas para os EUA, e lembrou que o Reino Unido continua sujeito às tarifas de 25% sobre aço e alumínio, embora dentro do novo acordo esteja prevista uma possível flexibilização por meio de cotas de exportação.
No âmbito automotivo, um dos mais sensíveis para Londres, Washington aceitou que o Reino Unido possa exportar até 100.000 veículos para o mercado americano, pagando apenas 10% de tarifa, o que representa uma redução em relação aos 25% anteriores e um alívio significativo para marcas britânicas como Jaguar e Rolls Royce.
“Fabricamos 16 milhões de automóveis por ano. Isso representa apenas 0,6%, mas para os fabricantes britânicos significa dezenas de milhares de empregos”, argumentou Lutnick, enquanto Trump justificou a medida afirmando que se trata de “carros especiais” que não são produzidos nos EUA e que, portanto, não competem diretamente com a indústria local.
O acordo também inclui a eliminação de tarifas para os motores de aviação da Rolls Royce, que poderão ser exportados livremente para a Boeing.
Além disso, está previsto que o Reino Unido anuncie nas próximas horas uma compra de aviões Boeing no valor de 10 bilhões de dólares, em um novo gesto de fortalecimento da relação bilateral.
Em 2024, o comércio entre os dois países somou cerca de 148 bilhões de dólares, com um superávit de quase 12 bilhões a favor dos Estados Unidos.
A Casa Branca destaca este novo acordo como o primeiro de vários tratados que estão em negociação como parte da agenda comercial da administração Trump.
Trump diz que a União Europeia quer “chegar a um acordo a qualquer custo”
Durante a mesma coletiva de imprensa, Trump afirmou que a União Europeia está pressionando para alcançar um pacto comercial com os Estados Unidos.
“Definitivamente, a União Europeia é algo importante. Quer chegar a um acordo a qualquer custo. Todos querem chegar a um acordo com os Estados Unidos. E estamos conseguindo”, assegurou.
Según recolheu a agência EFE, ao ser questionado sobre uma possível reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Trump limitou-se a dizer que “ela é fantástica” e mencionou que a viu “há alguns dias”, em referência ao seu recente encontro durante o funeral do papa Francisco no Vaticano.
As declarações ocorrem em meio a negociações bilaterais que tentam evitar uma guerra comercial aberta, enquanto Bruxelas já avisou que está pronta para responder com represálias se não houver um entendimento alcançado.
A Comissão Europeia anunciou que apresentará um pedido de consultas à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas universais de 10% e os impostos específicos que os EUA impuseram ao aço, alumínio, automóveis e autopeças europeias.
Desde seu retorno ao poder em janeiro, Trump ordenou novas tarifas de 25% sobre produtos-chave do bloco europeu, suspendendo por 90 dias uma taxa de 20%, que poderia ser aplicada se não houver avanços concretos nas negociações.
Bruxelas calcula que suas eventuais medidas de represália poderiam atingir 95 bilhões de euros (cerca de 106 bilhões de dólares), no que seria a maior escalada comercial transatlântica em anos se um acordo não for alcançado.
Perguntas frequentes sobre o acordo comercial entre os Estados Unidos e o Reino Unido
Quais são os benefícios do acordo comercial entre os Estados Unidos e o Reino Unido para os agricultores americanos?
O acordo comercial permitirá um aumento significativo no acesso ao mercado britânico para as exportações agrícolas dos Estados Unidos, especialmente para a carne bovina e o etanol. Isso beneficia diretamente os agricultores americanos, que poderão vender mais produtos ao Reino Unido sem as barreiras não tarifárias que existiam anteriormente.
Como este acordo afeta a indústria automotiva do Reino Unido?
O Reino Unido poderá exportar até 100.000 veículos para o mercado dos Estados Unidos pagando apenas 10% de imposto de importação, o que representa uma redução de 25% para 10%. Isso representa um alívio significativo para marcas britânicas como Jaguar e Rolls Royce, facilitando seu acesso ao mercado norte-americano e garantindo empregos na indústria automotiva britânica.
Quais produtos industriais americanos terão maior acesso ao mercado britânico?
O acordo elimina restrições para a importação de produtos industriais americanos como químicos e máquinas para o Reino Unido. Isso permitirá que os britânicos acessem produtos a preços mais acessíveis e abrirá novas oportunidades para as empresas industriais dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos manterão alguma tarifa sobre produtos britânicos?
Os Estados Unidos manterão uma tarifa de 10% sobre produtos britânicos, que foi imposta em abril. Embora o acordo preveja a possibilidade de flexibilizar algumas tarifas através de cotas de exportação, a tarifa de 10% continuará gerando receitas significativas para os EUA.
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