Racionamento extremo em uma província de Cuba: o pão, agora apenas para menores

Somente os menores de 13 anos e alguns centros prioritários poderão recebê-lo, segundo anunciaram as autoridades. A decisão provocou uma onda de críticas, preocupação e desconfiança entre os cidadãos.


O pão da cesta básica na província de Guantánamo será distribuído apenas para crianças de 0 a 13 anos, assim como para instituições sociais prioritárias, conforme informou nesta quinta-feira o Governo Provincial.

A drástica medida -replicada em seus canais pelo responde, segundo as autoridades locais, à instabilidade na entrada de farinha na província devido a limitações na chegada do trigo ao país.

A distribuição beneficiará exclusivamente menores de 0 a 13 anos, hospitais, centros educativos e o Sistema de Atendimento à Família. A medida entra em vigor a partir de 9 de maio e permanecerá “de forma temporária, até que as condições permitam retornar à distribuição habitual para toda a população”.

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O anúncio gerou uma avalanche de reações de indignação, angústia e ceticismo nas redes sociais, onde dezenas de usuários questionaram o impacto da medida sobre adolescentes, idosos, grávidas e trabalhadores, setores especialmente vulneráveis no atual contexto de crise alimentar.

Reações: incredulidade, críticas e desconfiança

Entre os centenas de comentários ao anúncio, uma mãe questionou o que farão as famílias com filhos maiores de 13 anos que também estudam. Outra pessoa ironizou amargamente que se trata de "um presente para o Dia das Mães". Vários usuários lembraram que em Cuba “o temporário sempre fica”, em alusão a promessas governamentais não cumpridas no passado.

A exclusão de idosos foi outra das críticas mais reiteradas. Várias pessoas apontaram que muitos idosos dependem desse pão como a única refeição do dia e que, com aposentadorias mínimas, torna-se impossível adquiri-lo no mercado informal. “Quando falam do pão, tocam no fundo”, sentenciou outro comentário amplamente compartilhado.

A medida também gerou zombarias amargas e comparações com outras restrições alimentares impostas pelo regime. "Nem o pão se salva. O que vem a seguir, o arroz por sorteio?", ironizou uma internauta.

Um problema que se agrava em toda a Cuba

O caso de Guantánamo se soma a uma série de relatos recentes sobre a crise do pão em várias províncias do país. Em Havana, uma padaria teve que assar com lenha devido à falta de gás e eletricidade. Em Matanzas, foi promovida a venda de croquetas e tostones como substituto diante da escassez de farinha.

Em Santiago de Cuba, o preço do pão atingiu 50 pesos por unidade, enquanto em Matanzas funcionários admitiram publicamente que só há pão para um dia. A imprensa oficial também reconheceu uma “anarquia de preços” em Havana, sem controle de qualidade ou fiscalização na venda ambulante.

A situação da farinha é crítica: no final de fevereiro, somente o moinho de Cienfuegos estava em funcionamento, o que impedia atender à demanda nacional. Em províncias como Artemisa ou Santiago, a distribuição do pão colapsou completamente.

Uma medida excepcional ou parte de uma tendência?

Embora o governo guantanamero insista que a medida é temporária, o histórico de decisões "temporárias" que se tornaram permanentes alimenta a desconfiança popular. Os cubanos lembram que o peso do pão foi reduzido em 2024 de forma provisória e nunca mais voltou ao normal.

Em um país onde a frase bíblica "o pão nosso de cada dia" perdeu seu sentido literal, a medida tomada em Guantánamo reforça a percepção de que a escassez e a empobrecimento da cesta básica se tornaram institucionalizados.

Enquanto o regime tenta apresentar essas decisões como necessárias e circunstanciais, os cubanos as vivem como sintomas de um sistema econômico colapsado, sem soluções reais nem vontade política para garantir os direitos alimentares mais básicos.

Perguntas frequentes sobre o racionamento de pão em Cuba

Por que está sendo racionado o pão em Guantânamo?

A medida de racionar o pão em Guantánamo se deve à instabilidade na entrada de farinha na província, causada por limitações na chegada de trigo ao país. Este problema obrigou a que o pão fosse distribuído apenas para crianças de 0 a 13 anos e para instituições sociais priorizadas.

Quanto tempo durará o racionamento de pão em Guantánamo?

O governo local indicou que a medida é temporária e será mantida até que as condições melhorem para retomar a distribuição habitual. No entanto, a desconfiança popular persiste devido a antecedentes de promessas governamentais não cumpridas.

Quais setores da população serão mais afetados pelo racionamento do pão em Cuba?

O racionamento do pão afeta especialmente adolescentes, idosos, gestantes e trabalhadores, que dependem dele como uma parte essencial de sua dieta diária. A medida gerou grande preocupação e críticas devido à exclusão desses grupos vulneráveis.

Como a escassez de farinha e pão afeta outras províncias de Cuba?

A escassez de farinha impactou gravemente várias provincias, como Santiago de Cuba e Matanzas, onde a produção de pão foi suspensa ou limitada. Esta situação reflete uma crise alimentar mais ampla no país, agravada por problemas logísticos e financeiros.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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