Os apagões não dão trégua em Cuba: o sistema elétrico à beira do colapso

Além das termoelétricas danificadas ou em manutenção, uma unidade da CTE Nuevitas saiu de serviço para equilibrar a falta de combustível, o que reduz em 338 MW a capacidade.


O Sistema Electroenergético Nacional (SEN) em Cuba continua enfrentando o pior momento de sua história recente, à beira do colapso diante de déficits que superam amplamente os mil megawatts.

Os cortes no fornecimento de energia elétrica voltaram a se estender na quinta-feira de forma ininterrupta durante as 24 horas, com o pico de interrupção às 20h40, quando deixou de fornecer 1775 MW aos consumidores, valor superior ao previsto para esse horário.

Esse desajuste foi originado pela saída de emergência da unidade 1 da central termoelétrica (CTE) Santa Cruz, que agravou os apagões generalizados durante toda a madrugada.

Balanço de disponibilidade e demanda

Às 7h00 da manhã desta sexta-feira, o SEN dispunha de apenas 1700 MW frente a uma demanda de 2800 MW, resultando em um déficit de 1100 MW que obrigou a manutenção dos cortes rotativos durante o horário matutino.

Para o meio-dia, projeta-se uma escassez maior, de cerca de 1200 MW.

Plantas fora de serviço e manutenção

A crítica situação se agrava devido a avarias e manutenções programadas em várias centrais.

Permanecem inoperativas a unidade 1 da termoelétrica Santa Cruz e a unidade 2 da Felton, enquanto são realizadas obras de manutenção em três blocos das CTE Santa Cruz, Cienfuegos e Renté, além da planta Guiteras.

Por outro lado, para equilibrar a escassez de combustível em Nuevitas, a unidade 6 dessa central foi retirada do serviço durante esta manhã, o que reduz em 338 MW a capacidade térmica disponível.

Impacto do desabastecimento de combustível

A falta de fornecimento de diesel e outras fontes deixou fora de operação 72 pequenas plantas distribuídas, com um total de 462 MW sem gerar.

Este déficit de combustível se soma às limitações técnicas e às quebras, formando um panorama em que a recuperação das unidades se torna cada vez mais lenta e cara.

Pronóstico para o pico vespertino

Com base nos tempos de arranque e na chegada de combustível, as autoridades preveem somar 80 MW recuperados em usinas a diesel e outros 78 MW ao reativar a unidade 1 de Santa Cruz durante o horário de pico.

No entanto, mesmo com essas incorporações, a disponibilidade chegaria a apenas 1858 MW, em comparação a uma demanda máxima estimada em 3400 MW.

Isso implicaria um déficit de 1542 MW e cortes equivalentes a 1612 MW durante as horas de maior consumo, um nível de afetamento que ameaça a estabilidade do sistema.

Rol da energia solar insuficiente

Os 11 parques solares fotovoltaicos que entraram em operação recentemente produziram 1058 MWh ao longo do dia. Embora essa contribuição renovável represente um avanço na diversificação da matriz energética, sua geração cobre menos de 40% do déficit acumulado, portanto, não conseguiu mitigar os cortes prolongados.

Plano de racionamento por blocos em Havana

Para gerir a crise, a Empresa Eléctrica de Havana aplicará um calendário de interrupções rotativas por blocos de clientes.

O bloco 5 sofrerá interrupções das 10:00 às 15:00; o bloco 2, das 11:00 às 16:00; seguido do bloco 1 até às 20:00; e, já entrada a noite, o serviço será interrompido no bloco 4 a partir das 19:00 e no bloco 3 a partir das 20:00.

O restabelecimento será feito de forma gradual entre 23h00 e meia-noite, seguindo a ordem inversa das afetacões.

Rumo a um colapso generalizado

Com as unidades térmicas envelhecidas, os suprimentos de combustível reduzidos e as renováveis ainda insuficientes, a rede elétrica cubana enfrenta seu teste mais difícil.

Os especialistas alertam que, se não forem implementados com urgência investimentos em infraestrutura e um plano de diversificação energética sólido, o SEN poderá enfrentar falhas maciças e prolongadas, deixando a Ilha em um risco permanente de apagões extensos e prejudiciais à economia e ao bem-estar social.

Perguntas frequentes sobre os apagões e a crise energética em Cuba

Qual é a principal causa dos apagões em Cuba?

A principal causa dos apagões em Cuba é o débito de geração elétrica, que ultrapassa os 1.500 MW devido à combinação de falhas nas unidades de geração, falta de manutenção e escassez de combustível. Esta situação crítica deixou o Sistema Electroenergético Nacional (SEN) à beira do colapso.

Quais medidas estão sendo tomadas para enfrentar a crise energética em Cuba?

Para enfrentar a crise, foram implementados cortes programados de eletricidade por blocos em Havana e estão sendo realizados esforços para incorporar mais energia renovável, como a produção de parques solares. No entanto, essas medidas não foram suficientes para resolver o déficit atual, pois as renováveis mal cobrem 40% do déficit acumulado.

Qual é o impacto dos apagões na vida cotidiana dos cubanos?

Os apagões prolongados afetam gravemente a qualidade de vida dos cubanos, impossibilitando a realização de atividades básicas como cozinhar, refrigerar alimentos e manter a iluminação nas residências. Além disso, impactam negativamente a economia, afetando a indústria, o comércio e os serviços públicos.

Qual é o papel da energia solar na crise energética de Cuba?

A energia solar tem sido promovida como parte da solução, com a operação de 11 parques solares fotovoltaicos que geraram 1058 MWh em um dia. No entanto, sua contribuição continua sendo insuficiente, cobrindo menos de 40% do déficit energético, razão pela qual não conseguiu mitigar os cortes prolongados de eletricidade.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

OSZAR »