O excomissionado Joe Martínez enfrentará sentença em junho após o fracasso da apelação judicial

Nascido em Miami de origem cubana, Martínez foi considerado culpado de corrupção em novembro. Ele enfrenta 20 anos de prisão por aceitar subornos para alterar uma ordenança.

Joe MartínezFoto © Captura de vídeo do YouTube de WPLG Local 10

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O ex-comissário do condado de Miami-Dade Joe Martínez conhecerá sua sentença no próximo 20 de junho, após o juiz Miguel de la O rejeitar o pedido da defesa para anular sua condenação ou realizar um novo julgamento.

A decisão do magistrado sela o destino judicial do veterano político republicano, que enfrenta uma pena de até 20 anos de prisão por crimes de corrupção.

O juiz, em uma opinião de 22 páginas, admitiu que o veredicto do júri o surpreendeu, uma vez que o caso se baseava principalmente em provas "circunstanciais", mas ratificou o veredicto de culpabilidade emitido em novembro de 2024.

Com isso, Martínez deverá responder pelos crimes de compensação imprópria e conspiração, puníveis com 15 e 5 anos de prisão, respectivamente.

Um escândalo com implicações políticas

Martínez, de origem cubana e ex-tenente da polícia condal, serviu em cinco mandatos como comissário e foi presidente da Comissão em duas ocasiões. Ele também foi cogitado como candidato a xerife nas eleições de 2024, o que elevou o perfil público do seu caso.

Durante o julgamento, a promotoria liderada por Tim VanderGiesen e William González argumentou que Martínez recebeu três pagamentos de $5.000 - um total de $15.000 - do proprietário de um supermercado, Jorge Negrin, e seu locador Sergio Delgado, em troca de que promovesse uma alteração em uma ordenança do condado que favorecesse seus interesses comerciais.

"A razão pela qual o dinheiro deixou de chegar é porque o acordo falhou", afirmou o promotor VanderGiesen durante os argumentos finais. "A legislação não foi aprovada, portanto não havia motivo para que fosse necessário mais dinheiro."

Os procuradores acrescentaram que o dinheiro foi interrompido justamente quando a proposta normativa foi arquivada, o que indicava um quid pro quo, e não uma transação privada legítima, como alegava a defesa.

Estratégia de defesa: transação legítima, não corrupção

Os advogados do ex-comissionado, Ben Kuehne e Kendall Coffey, tentaram demonstrar que os pagamentos foram atos de gratidão por parte de Negrin, que afirmou que Martínez o havia ajudado a conseguir um investidor para sua loja anos antes.

Kuehne alegou que a promotoria distorceu os fatos ao afirmar que Martínez "criou legislação" em troca dos pagamentos. Segundo a defesa, o único que fez foi redigir um documento que a Comissão de 13 membros poderia votar ou ignorar, e que nunca chegou a ser votado.

"Não há nenhuma prova de que Joe Martínez estivesse desesperado por dinheiro, que não pudesse pagar suas contas, que estivesse atrasado em sua hipoteca, nada disso", afirmou Kuehne.

No entanto, a procuradoria apresentou evidências de cheques devolvidos do salário que Martínez recebia na Centurion Security, o que contradizia a suposta estabilidade financeira.

Declarações oficiais e antecedentes

A procuradora do estado de Miami-Dade, Katherine Fernández Rundle, aplaudiu o veredicto e destacou que o uso do cargo público para obter benefícios privados não seria tolerado:

"Com o veredicto de culpabilidade contra o ex-comissionado do condado Joe Martínez, 12 cidadãos do condado de Miami-Dade pesaram as provas, ouviram todos os testemunhos e decidiram que não será tolerado nesta comunidade o uso do cargo eletivo para obter um benefício econômico."

O procurador VanderGiesen também foi enfático: "Um funcionário público não pode extorquir as pessoas para se beneficiar de seus cargos públicos."

Em contraste, a defesa insistiu que a imagem pública de Martínez não corresponde às acusações.

"Quer estivesse no cargo ou fora dele, como agente da lei aposentado ou como cidadão comum, sempre buscava ajudar todos os outros", expressou Kuehne.

Trajetória de Joe Martínez

Nascido em Miami e graduado em Administração Pública pela Universidade Barry, Joe Martínez iniciou sua carreira policial em 1984 e ascendeu ao cargo de tenente.

Foi reconhecido pela Junta de Comissionados com o "Dia do Detetive José Martínez" em 1993, após arriscar sua vida para proteger um companheiro em uma operação antidrogas.

A primícia de sua detenção foi revelada em agosto de 2022 pelo blog Político Cortadito, e pouco depois Martínez se entregou voluntariamente ao Centro Correcional Turner Guilford Knight.

Agora, após o fracasso de sua última manobra legal, aguarda a sentença final que pode marcar um fechamento dramático para uma carreira pública que já foi celebrada.

Perguntas frequentes sobre a sentença do ex-comissário Joe Martínez

Quando será sentenciado o excomissionado Joe Martínez?

Joe Martínez conhecerá sua sentença em 20 de junho, após sua apelação judicial ser rejeitada. O ex-comissário enfrenta até 20 anos de prisão por crimes de corrupção relacionados a compensação imprópria e conspiração.

Quais foram os argumentos da defesa de Joe Martínez?

A defesa de Martínez, liderada por Ben Kuehne e Kendall Coffey, argumentou que os pagamentos que recebeu foram atos de gratidão e não subornos. Sustentaram que os $15,000 recebidos não eram compensação por corrupção, mas sim um agradecimento por ajudar um empresário a encontrar um investidor. No entanto, a promotoria apresentou evidências de problemas financeiros de Martínez, como cheques devolvidos, que contradiziam essa narrativa.

Quais são as implicações políticas do caso de Joe Martínez?

O caso de Joe Martínez tem importantes implicações políticas devido ao seu elevado perfil público como político republicano e sua carreira na polícia condal. O escândalo afeta sua reputação e sua potencial candidatura a xerife em 2024. Este caso destaca a problemática da corrupção em cargos públicos e seu impacto na confiança dos cidadãos.

Qual foi a resposta da promotoria sobre o caso de corrupção de Joe Martínez?

A procuradoria de Miami-Dade, liderada por Katherine Fernández Rundle, celebrou o veredicto de culpabilidade, destacando que o uso do cargo público para benefícios privados não seria tolerado. A procuradoria apresentou evidências de quid pro quo e defendeu a decisão do júri de não permitir que funcionários públicos extorquisse a comunidade para benefício pessoal.

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