O chefe da missão dos EUA em Cuba Mike Hammer continua a esgotar a paciência do regime cubano, que agora o acusou de mentir sobre o fracasso da “revolução”.
A maquinaria propagandística do regime reagiu à conferência de imprensa de Hammer nesta sexta-feira em Miami diante de meios de comunicação americanos com um artigo de Johana Tablada, subdiretora geral da Direção de Estados Unidos do Ministério das Relações Exteriores de Cuba (MINREX).
A funcionária acusou Hammer de mentir em suas declarações sobre o fracasso da revolução devido à falta de “eletricidade, escassez de combustível, alimentos e medicamentos”, sem que haja “nenhuma política dos Estados Unidos” envolvida.
“Falso!!!: As medidas coercitivas unilaterais dos EUA contra Cuba —conhecidas como o bloqueio— têm um impacto direto e severo sobre o acesso a financiamento, tecnologia, insumos e medicamentos, e são reconhecidas até mesmo pela ONU como o principal obstáculo ao desenvolvimento cubano”, lê-se no texto publicado em Cubadebate.
Como é habitual no discurso do regime, Tablada não assumiu qualquer responsabilidade pela situação de crise permanente na ilha e considerou falsas as afirmações do diplomata.
“Embora seja verdade que há uma crise econômica, culpar exclusivamente o governo cubano é uma simplificação que ignora a guerra econômica, financeira e comercial multidimensional imposta desde Washington há mais de 6 décadas”, acrescentou.
Da mesma forma, acusou Hammer de intervencionista por suas recentes visitas à ilha para conhecer a realidade do cubano comum e se reunir com atores da oposição e da sociedade civil.
A funcionária manteve-se neste ponto também na linha discursiva do regime, chamando os familiares dos presos políticos de “figuras financiadas direta ou indiretamente pelos EUA como vítimas do ‘regime’, ocultando que têm clamado abertamente por subversão, sabotagem ou atos violentos”.
O restante do artigo de Tablada foi uma cópia do enroque discursivo habitual do regime cubano, culpando o governo dos EUA pela situação da crise estrutural que a ilha enfrenta, e negando a existência da oposição e da sociedade civil.
Para Tablada, a roda de imprensa de Hammer buscava, entre outros pontos, "instalar um discurso de Estado falido sobre Cuba, legitimar a ingerência diplomática como solidariedade, branquear as sanções dos EUA e se desresponsabilizar pelo bloqueio".
Martelo: “A revolução fracassou”
Na última sexta-feira, Hammer afirmou em Miami que o descontentamento popular na Ilha é generalizado e que “a grande maioria” dos cubanos considera que “a Revolução fracassou”.
Hammer, que visitou todas as províncias do país desde sua nomeação, descreveu em uma coletiva de imprensa para meios de comunicação americanos um panorama desolador após suas visitas pela ilha, onde se encontrou com representantes da sociedade civil e ativistas.
“Não há eletricidade; os apagões já estão chegando; há escassez de combustíveis, alimentos e medicamentos. E as pessoas reconhecem que os responsáveis são os do regime cubano. Não tem nada a ver com nenhuma política dos Estados Unidos”, apontou.
O diplomata destacou que sua missão tem sido ouvir em primeira mão o povo cubano, incluindo setores tradicionalmente vinculados ao aparato estatal e que, apesar da vigilância à qual foram submetidos, estão determinados a continuar com esses percursos.
"Tenho percorrido o país e tenho perguntado se há interesse em que os cubanos comuns se reuniem conosco para ouvir suas preocupações, suas experiências, seus sonhos... até mesmo suas críticas ao Governo dos Estados Unidos", afirmou.
Em suas declarações, Hammer destacou que a atual administração americana planeja intensificar sua postura em relação ao regime. “As sanções anunciadas nesta quarta-feira são um princípio, não um fim. Virão mais, disso eu posso garantir”, advertiu, referindo-se às recentes medidas contra funcionários cubanos vinculados a violações dos direitos humanos.
Reação diante do ativismo diplomático
O artigo de Tablada se junta a uma recente intensificação dos ataques ao diplomata estadunidense por meio de canais alinhados ao regime e publicações nas redes sociais, nas quais ele é acusado de agir como “emissário imperial”, de violar os protocolos diplomáticos e de impulsionar uma suposta estratégia de “guerra híbrida” contra Cuba.
Desde sua chegada a Havana em novembro de 2024, Mike Hammer tem mantido uma agenda ativa de reuniões com atores da sociedade civil, o que tem provocado um visível desconforto no aparelho estatal. Nos últimos meses, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba convocou em três ocasiões diplomatas americanos para expressar sua “enérgica protesto” pelo que considera atos de “ingerência”.
A seu tempo, o oficialismo cubano tem utilizado discursos incendiários e dados não verificados para reforçar a narrativa de que os EUA estão financiando opositores com fins desestabilizadores, citando organismos como a NED (National Endowment for Democracy) ou a USAID como fontes de financiamento estrangeiro para figuras como Soler ou Ferrer, sendo que este último encontra-se novamente em prisão injusta.
Perguntas frequentes sobre a missão de Mike Hammer em Cuba e a situação atual
O que Mike Hammer declarou sobre a revolução cubana?
Mike Hammer declarou que "a revolução falhou". Durante uma coletiva de imprensa em Miami, afirmou que o descontentamento na ilha é generalizado e que a maioria dos cubanos considera que a revolução não cumpriu suas promessas, apontando a crise energética, a escassez de alimentos e medicamentos como sintomas do fracasso do regime cubano.
Por que o regime cubano acusa Mike Hammer de ingerência?
O regime acusa Hammer de ingerência por suas reuniões com opositores e ativistas. O governo cubano vê as ações de Hammer, que incluem encontros com a sociedade civil e ativistas, como uma violação dos protocolos diplomáticos e uma estratégia para desestabilizar o país, qualificando-o de "emissário imperial".
Qual é o impacto das sanções dos EUA em Cuba segundo o regime cubano?
O regime cubano afirma que as sanções são o principal obstáculo para seu desenvolvimento. Segundo funcionários do governo cubano, as medidas coercitivas unilaterais dos EUA, conhecidas como o bloqueio, impactam severamente o acesso a financiamento, tecnologia, insumos e medicamentos, sendo reconhecidas pela ONU como o principal impedimento para o desenvolvimento da ilha.
Qual é a postura de Mike Hammer sobre as sanções a Cuba?
Mike Hammer garante que as sanções são apenas o começo. Em suas declarações, Hammer indicou que a administração americana planeja intensificar sua postura em relação ao regime cubano, afirmando que as sanções recentes são um ponto de partida e que mais medidas são esperadas no futuro.
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