Presidenta da ETECSA incluída na Lista de Repressor após o aumento das tarifas telefônicas

A presidenta da ETECSA foi criticada por organismos independentes após defender o forte aumento nas tarifas de internet em Cuba, que supera o salário médio mensal e exclui do acesso à internet grande parte da população.

Tania Velázquez Rodríguez, presidente executivo da ETECSAFoto © Rádio Rebelde

Tania Elena Velázquez Rodríguez, presidenta executiva do monopólio estatal de telecomunicações ETECSA, foi incluída na Lista de Repressores do portal Repressores Cubanos, por seu papel direto no estabelecimento de tarifas proibitivas para o acesso à internet em Cuba, uma medida considerada por organizações e analistas como uma forma de racionamento digital e repressão econômica.

A decisão baseia-se em sua intervenção televisiva do passado 1 de junho, onde justificou publicamente o aumento de tarifas como uma “necessidade” para injetar divisas na empresa estatal, em meio a uma grave crise econômica, e a outras declarações que se seguiram na televisão estatal.

Captura de tela/Lista de repressões em Cuba

O novo esquema tarifário estabelece que 3 GB custam 3,360 CUP, 7 GB, 6,720 CUP e 15 GB, 11,760 CUP. Enquanto isso, o salário médio em Cuba foi de 5,839 pesos em 2024, e o salário mínimo de 2,100 CUP, o que torna inacessível até mesmo o pacote mais básico para milhões de cubanos. Em contraste, nos EUA, o consumo médio de dados móveis foi de 22 GB por mês em 2024.

A Organização das Nações Unidas (ONU), que desde 2011 reconhece o acesso à internet como um direito humano, estabelece que os serviços de conectividade devem custar menos de 2% da renda mensal per capita nos países de baixos ou médios rendimentos. O caso cubano ultrapassa amplamente esse limite.

Durante sua intervenção na televisão, Velázquez Rodríguez justificou o aumento pela falta de divisas, fraudes financeiras e uma dívida acumulada que impede a importação de tecnologia. Afirmou que a empresa precisa de 150 milhões de dólares por ano para sustentar sua infraestrutura.

No entanto, o jornal Miami Herald revelou que a RAFIN S.A., uma financeira do grupo militar GAESA com participação na ETECSA, tinha em agosto passado 407 milhões de dólares em caixa, o que questiona o argumento de insolvência.

Um engenheiro da empresa declarou ao Diario Las Américas que a ETECSA “não é uma empresa a serviço da sociedade, mas sim uma caixa pequena do regime”, que entre 2012 e 2020 arrecadou entre 8 e 12 bilhões de dólares, investindo apenas entre 7% e 11% desses rendimentos em infraestrutura.

O expediente contra Tania Velázquez inclui os delitos de:

  • Violação da liberdade de opinião, expressão e informação (Art. 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos).
  • Internet inacessível devido aos altos preços.
  • Violação do direito de acesso às tecnologias da informação e comunicação.

Esses cargos a categorizam como "repressora de colarinho branco", termo que se refere a funcionários civis que reprimem por meio de decisões administrativas com impactos sistemáticos.

Captura de tela/Lista de represores em Cuba

Analistas alertam que o chamado aumento de tarifas tem um duplo propósito: forçar os familiares no exterior a cobrir os altos custos do serviço, beneficiando economicamente o Estado, e limitar o acesso à internet como meio de organização, protesto e difusão de ideias, em momentos de crescente descontentamento social.

A medida provocou inconformidades estudantis em pelo menos dez universidades do país, e uma onda de indignação visível nas redes sociais.

Enquanto o regime cubano promove uma imagem de modernização e soberania tecnológica, milhões de cidadãos ficam desconectados, não por falta de infraestrutura, mas por políticas deliberadas que transformam o acesso à internet em um privilégio de classe.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

OSZAR »