A FIFA se pronuncia sobre possíveis impactos nos torneios devido às políticas migratórias dos EUA.

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, se pronunciou sobre o crescente temor dos torcedores em relação ao que pode ocorrer no âmbito dos eventos esportivos.

Donald Trump junto ao presidente da FIFA, Gianni InfantinoFoto © X/A Casa Branca

Em meio ao aumento das tensões devido às políticas migratórias dos Estados Unidos, a Federação Internacional de Futebol Amador (FIFA) minimizou publicamente o impacto que essas políticas poderiam ter sobre o Mundial de Clubes que começa neste sábado e a Copa do Mundo de 2026.

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, assegurou que os torneios “serão uma festa” e que os fãs “do mundo inteiro” comparecerão sem maiores inconvenientes.

“Cada país tem suas próprias políticas, mas estamos aqui para a união. Os torcedores e os fãs do mundo todo irão para os Estados Unidos, assim como para o México e o Canadá”, declarou Infantino durante um evento em Miami, antes do início do renovado Mundial de Clubes.

“Como sempre, antes do Mundial se fala de muitos temas, mas depois, quando começa, vai ser uma festa”, acrescentou, em declarações citadas pela agência EFE.

Temores entre as comunidades latinas

No entanto, a realidade no terreno pinta um panorama mais complexo.

A comunidade latina nos Estados Unidos vive com incerteza diante das operações e prisões migratórias intensificadas após a volta de Donald Trump à Casa Branca. “Acredito que a repressão migratória da Administração Trump fará com que seja muito difícil para as pessoas se sentirem seguras ao assistirem a essas partidas”, alertou Cristóbal Ramón, assessor chefe em imigração da Unidos US, em declarações citadas pela EFE.

A organização registrou que cerca da metade dos eleitores latinos considera que as políticas migratórias atuais "os colocam em risco, a eles, a seus familiares e/ou amigos", mesmo que tenham cidadania ou status legal no país.

O temor levou alguns grupos de torcedores, como um do clube Flamengo em Massachusetts, a cancelar eventos públicos.

“Decidimos não fazer o partido porque pensamos que poderia arruinar a vida de muita gente”, explicou Manny Mizael, um de seus organizadores.

Baixa venda de ingressos e clima de medo

Este clima de insegurança também parece estar influenciando a venda de ingressos do torneio.

Segundo dados de plataformas como Ticketmaster, partidas-chave como o debut do Real Madrid em Miami no dia 18 de junho ainda têm milhares de ingressos não vendidos, alguns com preços abaixo de 50 dólares.

Em Los Angeles, mais de 2.500 ingressos estão disponíveis para o duelo entre o Atlético de Madrid e o Paris Saint-Germain.

A FIFA negou que a venda de ingressos esteja baixa, assegurando que há compradores de mais de 130 países, mas se absteve de fornecer números detalhados.

Um funcionário da própria organização admitiu que a preocupação com vistos pode estar afetando a demanda.

“As políticas do governo Trump podem afetar a Copa do Mundo de futebol do próximo ano. As vendas de ingressos para a Copa do Mundo de Clubes, que ocorrerá este ano, já caíram,” publicou The New York Times.

Estarão seguros os aficionados?

As dúvidas também giram em torno de possíveis operações do Serviço de Controle de Imigração e Aduanas (ICE) nos estádios ou nas áreas adjacentes.

“Não tenho nenhuma preocupação”, respondeu Infantino ao ser questionado sobre se o ICE poderia expandir suas operações para esses espaços durante os torneios.

No obstante, segundo a Unidos US, já ocorreram detenções em locais como escolas, tribunais e locais de trabalho, portanto a possibilidade de ações semelhantes em recintos esportivos não é descartada pelos ativistas.

Exceções migratórias seletivas

O mais recente decreto migratório assinado por Trump proíbe a entrada de cidadãos de 12 países, entre eles Irã, Líbia e Somália, embora estabeleça exceções específicas para “os atletas, treinadores e membros de equipes esportivas que viajam para eventos importantes como os Jogos Olímpicos ou a Copa do Mundo”.

Não inclui, no entanto, os aficionados, muitos dos quais enfrentam longas esperas para obter vistos ou temem represálias devido ao seu status migratório.

Ainda não foi estabelecido um programa especial de isenção de vistos para aqueles que comprarem ingressos, como ocorreu em edições anteriores realizadas na Rússia ou no Catar.

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