A União Elétrica de Cuba reitera que os parques solares não resolvem o problema

Embora aliviem os apagões durante o dia, os parques solares não são suficientes por si só, alertou o governo cubano, que insiste em combinar essa fonte com outras formas de geração.


A União Elétrica de Cuba reconheceu esta terça-feira que os parques solares fotovoltaicos, embora representem um alívio parcial para os apagões durante o dia, não constituem uma solução integral para a crise energética que o país enfrenta.

Assim declarou Lázaro Guerra Hernández, diretor de Eletricidade do Ministério de Energia e Minas, durante uma apresentação na televisão estatal cubana, compartilhada em redes sociais pelo jornalista Lázaro Manuel Alonso.

Os parques não resolvem os apagões por si só, afirmou Guerra, deixando claro que, embora a energia solar tenha um impacto positivo, suas limitações impedem que seja uma fonte definitiva para solucionar a crise energética que o país enfrenta há vários anos.

O funcionário destacou que os oito parques solares atualmente em operação estão gerando a energia prevista, com um desempenho ótimo nos meses de maior radiação solar, como março e abril.

Estes parques, segundo disse, produzem cerca de 1.000 megawatts-hora diariamente, o que representa, segundo estudos oficiais, o equivalente a uma hora a menos de apagão.

Em palavras de Guerra: “Se não tivéssemos os parques fotovoltaicos neste momento, a afetação seria maior.” Ele acrescentou que atualmente, no pico de geração diurna (entre as 11h e as 15h), esses parques contribuem com entre 240 e 250 MW ao sistema elétrico nacional.

No obstante, esclareceu que esse tipo de geração tem limitações evidentes. Funciona apenas durante o dia e não oferece capacidade de respaldo para as noites ou as madrugadas, quando o déficit costuma ser mais crítico.

Por isso, destacou que o governo cubano está combinando a expansão solar com um programa paralelo de recuperação da geração base e distribuída, bem como com a reativação das usinas térmicas que funcionam com petróleo nacional.

Durante sua intervenção, Guerra anunciou que cinco novos parques fotovoltaicos entrarão em funcionamento antes do final de abril, com o que se espera superar os 300 MW gerados por esta fonte.

O objetivo final do governo é alcançar 1.200 MW de geração solar antes do final de 2025.

No entanto, reiterou que esse avanço não resolverá o problema de fundo: “A solução das afecções passa pelo aumento da capacidade de geração de todas as tecnologias que temos instaladas no sistema.”

Guerra insistiu que o programa energético cubano não depende apenas do Ministério de Energia e Minas ou da União Elétrica.

Participam também outros seis ministérios da Administração Central do Estado e as Forças Armadas Revolucionárias, em um esforço coordenado de múltiplas entidades estatais para aumentar a geração, otimizar o uso do petróleo e do gás nacionais e reforçar a infraestrutura energética da ilha.

A isso se soma a necessidade urgente de recuperar a chamada geração distribuída, que consiste em motores de geração elétrica instalados em diferentes pontos do país.

Segundo o funcionário, essa forma de geração oferece vantagens estratégicas em casos de eventos meteorológicos, emergências ou falhas no sistema centralizado, e por isso deve ser mantida com alta disponibilidade.

“O programa de governo não se resume apenas à energia solar fotovoltaica. Também inclui outras tecnologias que contribuem para a entrega de energia ao sistema elétrico nacional,” destacou Guerra.

Essas declarações surgem em meio a uma crescente frustração da população diante da persistência das faltas de energia, que em muitas regiões já ultrapassam 10 horas diárias.

Embora as autoridades insistam que estão sendo feitos esforços para resolver a situação, os avanços na instalação de fontes renováveis, como a solar, ainda não conseguiram se traduzir em melhorias substanciais para a população.

Nas últimas semanas, o governo cubano intensificou seu discurso público sobre a implementação de parques solares como parte de sua estratégia energética, embora com uma abordagem que reconhece suas limitações.

Em março passado, as autoridades destacaram o desempenho de três novos parques solares —em Havana, Cienfuegos e Granma— que superaram as expectativas de produção, mas admitiram que a crise estrutural do Sistema Elétrico Nacional continua agravada pela degradação das termoelétricas e a escassa capacidade de armazenamento de energia.

Um dia depois, o ministro Vicente de la O Levy alertou que, embora se preveja a instalação de 46 parques solares durante o ano com uma capacidade de até 1.000 MW, as quedas de fornecimento não serão eliminadas devido ao estado crítico do sistema elétrico, à dependência de combustíveis fósseis e à obsolescência tecnológica.

Em abril, o regime cubano reiterou publicamente que "nenhum parque solar, por si só, resolverá o déficit", apontando que apenas com a sincronização dos 92 parques previstos até 2026 poderia ser aliviada a situação durante os picos de demanda diurna.

O caso do parque La Sabana, em Granma, foi mencionado como exemplo dessas limitações: sua contribuição equivale a apenas 20% da demanda provincial ao meio-dia.

Finalmente, o governante Miguel Díaz-Canel assegurou nesta terça-feira que "há avanços" no programa energético, sem negar a persistência dos apagões.

Reitero que a solução exige o aumento da capacidade de geração a partir de diversas tecnologias, o que incluiria a recuperação de usinas térmicas e a melhoria do parque gerador distribuído.

Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba e o papel dos parques solares

Por que os parques solares em Cuba não resolvem a crise energética?

Os parques solares não podem resolver a crise energética porque geram energia apenas durante o dia e não possuem sistemas de armazenamento para abastecer durante a noite, quando o consumo é maior. Além disso, a infraestrutura energética de Cuba está deteriorada e depende em grande parte de combustíveis fósseis, o que limita o impacto positivo que os parques solares podem ter no sistema elétrico nacional.

Quantos parques solares estão planejados para serem instalados em Cuba até 2025?

Até o final de 2025, o governo cubano planeja ter instalados 55 parques solares com uma capacidade total de 1.200 MW. No entanto, este plano ambicioso enfrenta desafios significativos, como a falta de baterias para armazenar a energia gerada e a obsolescência do sistema elétrico nacional, que continua incapaz de lidar com as demandas atuais de energia.

Como a nebulosidade afeta a geração de energia solar em Cuba?

A nebulosidade reduz a geração de energia solar ao diminuir a quantidade de luz solar que chega aos painéis fotovoltaicos. Isso provoca uma diminuição na produção de energia e, consequentemente, pode agravar os apagões durante o dia. A situação é particularmente crítica, já que a energia solar é uma das poucas fontes de energia renovável que Cuba está desenvolvendo atualmente.

Qual é o impacto dos apagões na vida cotidiana dos cubanos?

Os apagões têm um impacto severo na vida diária dos cubanos, afetando desde a conservação de alimentos e o atendimento médico até a produção e os serviços essenciais. Os cortes de eletricidade prolongados e frequentes são uma fonte constante de frustração e desconforto social, e têm sido um catalisador de protestos contra o governo nos últimos anos.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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